sábado, 12 de março de 2011

GERAÇÃO À RASCA - Reflexão


Recebi de um ex-colega um mail com uma reflexão, que tenho pena de não ter sido produzida por mim, pois identifico-me com ela na íntegra. Por isso, não resisti e tomei a liberdade de partilhá-la com todos que acedem ao "Pai do Bicho".

Vale a pena ler e reflectir.

REFLEXÃO

«Este 4º pacote de “austeridade” é a prova provada da incompetência: 2 dias depois de o Sr. Sócrates dizer que nada mais era necessário! Sócrates, era já sabido, é troca-tintas e mau vendedor, daqueles que engana os clientes, os fornecedores e os colaboradores! Aqui, compreendo os tais mauzões dos mercados e a Sra. Merkel: Sócrates não merece qualquer confiança! Como português, democrata e de esquerda, sinto-me envergonhado e revoltado por isto ser feito por um partido dito socialista, eleito pelos portugueses! Se a aparente alternativa não fosse um PSD igualmente não credível, eu diria que preferia o inimigo a amigos destes! Se, como eu, também já não sabem o que é melhor, no mínimo contribuam para documentar que Sócrates, PS, PSD e Cavaco Silva fiquem na História como dos piores governantes da longa vivência deste país. É o mínimo que pudemos fazer como testemunhas temporais!
Umas palavras para a geração “À Rasca” que tem amanhã a sua manifestação. Não gosto de ver estas justificações generalistas de gerações, que são uma excelente maneira de “virar a casaca” e “sacudir a água do capote”. É que:
- tenho um imenso respeito pelas gerações que me antecederam, a dos nossos pais e avós, em grande parte analfabetos mas com bom senso, palavra credível, que não abandonavam os seus velhos, que se sacrificavam pelo melhor futuro dos seus filhos e que com, por vezes idiota humildade mas digna resignação, diziam não ter passado fome mas a fome ter passado por eles, na síntese feliz do pai de um amigo meu, que hoje mo lembrou. A geração que teve a coragem de dar o salto para França, para a Alemanha, para Angola e o Brasil, onde foram reconhecidos como bons trabalhadores. Geração em que, alguns, pagaram na prisão, na perseguição da PIDE, na destruição de carreiras, a sua discordância da pobreza triste. Geração em nada diferente da que descobriu o caminho marítimo para a Índia, que tanto vangloriamos e que eram, também, humildes e analfabetos pescadores! Com a diferença da classe dirigente ser, à luz do tempo, mais capaz e menos corrupta moralmente que a actual!
- já me foi dito na cara, até por pessoas próximas, que a geração a que pertenço é a principal culpada desta situação por ter sido mole com os seus filhos! Até posso aceitar em parte mas não me culpo, porque ajudei a criar filhos dignos e produtivos, e porque, alguns de nós, foram os que minaram o Portugal da outra senhora e ajudaram o Portugal novo e que aos 15 anos já tinham que pensar o seu futuro, que a guerra estava aí e reconheciam, mesmo que não parecesse, o imenso esforço dos seus pais analfabetos!
- já vi o que se chamava a geração Rasca, os que terão, agora, 40 e poucos anos, que andaram na Escola a passarem administrativamente e a abanarem o capacete nas discotecas ao som dos Bee Gees e do Travolta nos anos oitenta. São todos Rascas? Claro que não, que há muitos, hoje, que são profissionais e cientistas reconhecidos, o que só prova que, em todas as gerações há os que trabalham e são bons e os que comem há mesa do orçamento e são menos bons! Os que se lamentam hoje são, como sempre, os que não se esforçaram em devido tempo, mas isto é o normal numa sociedade que não reconhece o mérito.
- hoje falamos da geração “À Rasca” e o título parece-me indicado. É a geração que vai pagar os desmandos e consumismos actuais e que se confronta com o desemprego, a precariedade, a falta de perspectivas de futuro. Só posso apoiar a sua manifestação, que só peca por tardia, que é útil e necessária para abanar a paz podre em que vivemos! Jovens, vão para a rua reivindicar, não o que têm direito, que ainda não o conquistaram, mas o que merecem e precisam, individualmente e o que o país merece e precisa colectivamente. Mas apoio-vos sem o cinismo atroz do Prof. Cavaco: todos sabemos que, sem culpa mas com conivência, vocês achavam e acham que a Matemática é de fugir, que o chumbar é normal, que os bons e exigentes professores são uns chatos a que há que bater, que os pais têm de dar a mesada e emprestar a chave do carro para se ir ao bar todas as noites até aos 30 anos e isto não é possível, nem justo, nem sustentável. É matar a galinha de ovos de ouro que já está exaurida pelos maus políticos que nos dirigem! E vocês achavam, dizem as estatísticas, que a participação política não era da vossa conta. Ainda bem que começam a ver que não é assim!
Apesar do que acima digo e com que não concordarão, a minha esperança está convosco, ainda que não incondicionalmente: defeito meu, tenho memória histórica e não consigo esquecer que os jovens dos devassos cabarets alemães dos anos 30 foram enganados e convertidos por um Hitler de palavra doce nas Juventudes Hitlerianas! Defendam causas e levem os vossos pais para a rua, que também são vítimas, para conquistarem o vosso futuro, sem dependerem de um qualquer candidato a ditadorzinho de voz doce.

Francisco Costa Duarte

PS - O "intelectual" Pacheco Pereira considerou uma moda esta revolta jovem e até se dignou mencionar os Deolinda como culpados morais! Deus meu, até onde já baixaram os nossos "intelectuais"! Já agora, para não ficar fora de moda, deixem-me, por uma vez, considerar-me "intelectual" e pôr-me em bicos de pés: se os Deolinda, para além da sua música, conseguem mobilizar tudo isto, chamando a atenção para o desemprego jovem, recibos verdes, precariedade, etc., então proponho Ana Bacalhau à Presidência da República já, uma vez que, achando-se parva, descobriu estes problemas sérios da sociedade portuguesa antes de Cavaco Silva e dos "intelectuais"! E, já agora, os gajos que vão à Eurovisão com "A Luta é Alegria" à Assembleia da República já: é como o Tiririca no Brasil: pior não fica e chateia, o que só pode ser positivo, os betinhos politicamente correctos que tanto nos têm lixado!»

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