No dia em que faleceu o autor da canção "E DEPOIS DO ADEUS", que foi utilizada como senha para dar início ao levantamento militar que em 25 DE ABRIL DE 1974 pôs termo ao regime ditatorial que oprimiu os portugueses durante 48 anos, o Pai do Bicho evoca sumariamente o seu prestigiado percurso.
José Manuel Niza Antunes Mendes, ou simplesmente José Niza (Lisboa, 16/9/1938 - Santarém, 23/9/2011), foi médico, compositor e político português. Em 1956 foi para Coimbra estudar medicina. É nessa cidade que funda, em 1961, a Orquestra Ligeira do Orfeon Académico de Coimbra conjuntamente com José Cid, Daniel Proença de Carvalho, Joaquim Caixeiro e Rui Ressurreição.
Em 1971 passa a ser responsável pela produção da editora Arnaldo Trindade, Lda. (Discos Orfeu).
Como compositor, José Niza ganhou quatro Festivais RTP da Canção e é o autor da letra da canção "E DEPOIS DO ADEUS".
Foi Deputado em muitas legislaturas colaborando em diversas iniciativas e diplomas legislativos: Código dos Direitos de Autor e Direitos Conexos, Lei de Protecção da Música Portuguesa, Redução do Imposto sobre Importação de Instrumentos musicais, etc.
Hoje, no dia da sua morte, o Pai do Bicho quer deixar aqui o POEMA, que acabou por ser a "chave da porta que Abril abriu..."
"E DEPOIS DO ADEUS"
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder.
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci.
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
Que aprendi.
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.
E DEPOIS DO ADEUS a JOSÉ NIZA fica a memória do homem que hoje faleceu e do seu legado.
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