terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

VENDER DÍVIDA É UM EMBUSTE


«ESTADO VENDE DÍVIDA PÚBLICA»

Títulos de notícias como este já entraram no nosso quotidiano.
Os portugueses não ignoram que o Estado tem que recorrer a financiamentos para satisfazer necessidades primárias que a escassez da produtividade económica não permite solucionar.
Cada vez que o Estado obtêm um financiamento saltam rolhas de champanhe a comemorar o sucesso da operação, com a justificação por parte dos governantes que a procura foi três vezes superior à oferta, a taxa de juros foi inferior à esperada, blá, blá, blá... Não é absurdo?
Inevitavelmente o país está a endividar-se cada vez mais e o pior é que se desconhece até quando e qual é o limite do endividamento, para além de ter de pagar elevadíssimos juros pelo serviço da dívida. Resta-nos esperança que um dia tenhamos capacidade para crescer economicamente de forma sustentada para podermos pagar a dívida, com ou sem a intervenção do "cobrador de fraque" (FMI).
Embora o recurso a financiamentos pareça circunstancialmente aceitável, o Pai do Bicho não consegue entender o que é isso de "vender dívida pública". Isto porque só os activos podem ser vendidos enquanto as dívidas são apenas pagáveis. Antigamente dizia-se que o Estado recorria a empréstimos, mas hoje "vende-se dívida pública". Talvez esta designação ajude a aligeirar as preocupações que advêm da situação. Isto é um embuste!
No futuro talvez se afirme que Portugal aumenta o volume das exportações porque exporta dívida cada vez que recorre a financiamentos externos...
Porque razão não chamam "os bois pelos nomes"?
Será que as famílias endividadas que recorrem a financiamentos para resolverem os seus problemas também podem usar a expressão "vender dívida"?
A resposta parece óbvia.

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