quinta-feira, 2 de junho de 2011

"CAIR O CARMO E A TRINDADE"



O terramoto que assolou Portugal em Novembro de 1755 pode ter sido há alguns séculos, no entanto a expressão popular “cair o Carmo e a Trindade” relativa ao acontecimento em questão, permanece no vocabulário dos portugueses. Muitos são os que hoje ainda usam essa expressão, mas poucos são os que conhecem a sua origem.
Se dermos hoje um passeio por Lisboa, encontraremos ainda muitas igrejas, antigos conventos. Porém, em 1755 Lisboa era coroada por dois grandes edifícios de cariz religioso: o Convento da Trindade e o Convento do Carmo. O primeiro pertencia à Ordem dos Trinitários (religiosos encarregues de resgatar cativos aos mouros), tinha sido construído em meados do séc. XIV, no lugar de uma antiga ermida e era o mais antigo convento de Lisboa; o segundo foi fundado pelo Santo Condestável (D. Nuno Álvares Pereira) no final do séc. XIV em cumprimento de um voto, e entregue à Ordem do Carmo (fundada em finais do séc. XI na antiga cidade de Porfíria, hoje em Israel) da qual o próprio Condestável passou a fazer parte.
Quando o sismo, com epicentro ao largo do sul de Portugal, atingiu a cidade de Lisboa na manhã de 1 de Novembro de 1755, caíram os dois conventos, que, tal como muitos outros templos estavam repletos de fiéis que assistiam à missa do Dia de Finados; tal como caíram centenas de outros edifícios: igrejas, palácios, nomeadamente o próprio palácio real, o Paço da Ribeira (a família real teve sorte, estava no palácio de Belém), mudando assim para sempre a imagem de Lisboa. Deste acontecimento deriva a expressão “cair o Carmo e a Trindade”, que é utilizada para referir um acontecimento com carga negativa ou algo que se pensa ter grandes proporções.
Hoje, o que resta do Convento da Trindade faz parte de uma cervejaria e de edifícios contíguos. O Convento do Carmo, por seu turno, é mais conhecido devido ao seu estado de ruína que mantém desde esse fatídico dia (albergando o museu de arqueológico do Carmo e parte do quartel da GNR).

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