No decurso do passeio pedestre que, no passado 25 de Abril, realizámos em Arruda dos Vinhos, muitos dos caminheiros se interrogaram sobre a existência da Bruxa de Arruda, pois muitos de nós ouvimos falar, desde tenra idade, desta personagem.Depois de uma conversa que o Pai do Bicho manteve com uma arrudense e após uma superficial pesquisa, é possível complementar a reportagem do passeio, satisfazendo assim a curiosidade de muitos.
Arruda é também conhecida pela terra da bruxa. De facto, estas gerações de mulheres da mesma família, ao longo de várias gerações foram passando o seu secreto saber de mães para filhas. Eram denominadas mulheres de virtude e ainda hoje abundam um pouco por todo o país.
A fama da Bruxa de Arruda foi tão grande, que o Diário de Notícias de 29 de Novembro de 1906 lhe dedicou uma reportagem, onde são abordados alguns dos seus tratamentos e descrita uma consulta. Para proceder ao diagnóstico, a bruxa fazia a leitura do azeite para tratar o mau-olhado ou o quebranto. Os tratamentos consistiam essencialmente em orações e receitas com ervas medicinais.
Esta personalidade deu origem a variadas lendas, sendo famosa a cura da filha de um médico de Setúbal que, trazida à bruxa, foi posta num quarto, sem nada para comer para além de sementes de abóbora, e apenas com um alguidar com leite junto dela. Consta que passados dois dias deitou uma cobra pela boca.
A rapariga estaria provavelmente atacada de lombrigas, que podem chegar a ter trinta centímetros de comprimento, podendo ser confundidas com pequenas cobras, e que, molestadas pelas sementes de abóboras, que hoje sabemos que contêm um poderoso vermicida, e procurando comida, lhe terão subido até à garganta atraídas pelo cheiro do leite.
Aquilo que hoje pode ser explicado como um fenómeno perfeitamente natural foi na altura considerado um verdadeiro prodígio de feitiçaria que tornou famosa a Curandeira.
O Pai do Bicho não acredita em bruxas mas,... "Qui las hay, hay"!

Segundo filho de um funcionário dos CTT e de uma empregada dos caminhos-de-ferro, Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho nasceu em Lourenço Marques (hoje Maputo) a 31 de Agosto de 1936. Evacuado para Lisboa aos seis anos, por sofrer de paludismo, ficou a viver com os avós maternos, frequentando a escola primária da Visconde Valmor. Seguiu-se o Liceu Camões, onde fez o 1º ano, regressando depois a Lourenço Marques, onde fez o 5º ano. O seu herói imaginário era então Robin dos Bosques. Retornou a Lisboa e ao Camões para fazer o 6º ano, mas acabou o 7º ano já em Moçambique. Cumprido o 7º ano, viu-se obrigado a seguir para a Escola do Exército por imposição do avô.
Ninguém terá tido na agitada história da democracia portuguesa tanto poder ao seu alcance, nem nunca ninguém o terá recusado de forma tão categórica como ele. Não quis o cargo de chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, que lhe foi oferecido por Spínola logo a seguir ao golpe, e recusou a possibilidade de ascender à Presidência da República, ponderada no "Verão Quente" de 75.Graduado em brigadeiro, foi nomeado Comandante-adjunto do COPCON e Comandante da região militar de Lisboa a 13 de Julho de 1974, tendo passado a ser Comandante do COPCON a 23 de Junho de 1975 (cargo que na prática já exercia desde Setembro de 1974). Foi afastado destes cargos após os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975. Fez parte do Conselho da Revolução desde que este foi criado, a 14 de Março de 1975. A partir de 30 de Julho do mesmo ano integra, com Costa Gomes e Vasco Gonçalves, o Directório, estrutura política de cúpula durante o V Governo Provisório, na qual os restantes membros do Conselho da Revolução delegaram temporariamente os seus poderes (mas sem abandonarem o exercício das suas funções).
Em 1985 foi preso na sequência do caso FP-25. Foi libertado cinco anos mais tarde, após ter apresentado recurso da sentença condenatória, ficando a aguardar julgamento em liberdade provisória. Em 1996 a Assembleia da República aprovou uma amnistia para os presos do Caso FP-25.
