domingo, 18 de abril de 2010

PASSEIO NA PÓVOA DE SANTA IRIA

A chuva foi a nota dominante do passeio realizado em redor da Póvoa de Santa Iria, nesta manhã de domingo, atrasando ligeiramente o início da caminhada para mais de três dezenas de caminheiros que marcaram presença.Percorreu-se inicialmente a zona urbana desta pequena cidade, passando junto a um pequeno aqueduto.Atravessou-se de seguida a Quinta da Piedade,que até dispõe de um vistoso baluarte.Um curioso fontanário não passou despercebido aos caminheiros.Ultrapassada a "zona do cimento", penetrou-se numa zona densamente arborizadae iniciou-se em seguida uma íngreme e extensa subida, em que o efeito da pluviosidade fazia com que as águas pluviais corressem abundantemente em sentido inverso.Devido às condições atmosféricas não foi possível apreciar a paisagem que se pode desfrutar no alto do Monte Serves e, foi junto a este local que a organização forneceu um requintado abastecimento, que aconchegou os estômagos dos participantes.Entretanto, a nossa "Matriarca" mostrava com um sorriso nos lábios como se enfrentam as adversidades.Vestígios de uma sepultura megalítica atravessaram-se também no nosso caminhoIniciou-se então uma descida sobre piso barrento e escorregadio, que provocou alguns "malhanços", sem consequências.Um amontoado de velhos pneus parecia indiciar que a campanha "Vamos limpar Portugal" não passou por aqui.A chuva insistia em fazer companhia aos caminheiros.De novo no interior da Quinta da Piedade,a sua quinta pedagógica constituiu uma agradável surpresa, podendo observar-se, entre outras espécies, pavões,cabras,galináceos,um lago com abrigo para patos...Percorridos cerca de 13 kms. chegámos ao local de partida e, por entre os prédios, era vísivel o conhecido Mouchão da Póvoa.Os mouchões - ilhotas no Tejo - são pedaços de terra atractivos que, apesar de reservados à agricultura, despertam cada vez mais apetites de aproveitamento turístico. Os três principais, Póvoa, Alhandra e Lombo do Tejo, fazem parte da Reserva Natural do Estuário (RNET), que está integrada na zona de protecção especial constituída na sequência da construção da Ponte Vasco da Gama. É território de aves aquáticas e de rapina.Segundo a opinião de um antigo habitante da Póvoa de Santa Iria, hoje o Mouchão da Povoa é uma enorme propriedade sem a exploração agro-pecuária que a caracterizou durante séculos. Agora aquela ilhota encontra-se desprezada; ninguém amanha nada. Foi vendida a um holandês, que se deu mal por ali e desapareceu. As suas terras davam de comer à Póvoa. Era criação, era gado, era o grão melhor que havia, as melhores favas, dava toneladas de trigo, girassol, feno, criavam-se ali borregos, patos, perus. Tudo ali se criava naquele Mouchão da Póvoa, era uma terra que não precisava de insecticidas nem adubos.Há cerca de 20 anos desapareceram os últimos 40 caseiros. Nas casas dos antigos caseiros, ainda persistem móveis e alguma louça deixada para trás, mas quanto ao seu estado as paredes falam por si. O cenário é idêntico na casa principal. Só duas casas estão arranjadas e servem de armazém.
Desde o início do séc.XX até à década de 1960, foi comercializada água engarrafada do Mouchão da Póvoa, com efeitos medicinais reconhecidos no tratamento de doenças de pele. Esta água brotava numa nascente existente nesta ilhota.
Existe um projecto de turismo ecológico para o mouchão da Póvoa, que inclui, entre outros equipamentos, um alojamento com 500 camas, constituído por 140 habitações de madeira e 50 bungalows, campo de golfe ecológico e uma piscina. Está ainda prevista a recuperação do casario e da capela.Cabe aqui uma palavra de agradecimento pelo acolhimento dispensado pelos simpáticos elementos da organização do passeio.

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