sexta-feira, 30 de maio de 2008

BOICOTÃO E OUTRAS QUE TAL!

Mais uma vez não resisti a publicar o texto e logotipo que o amigo F.C.Duarte me enviou.
As suas reflexões e a carga irónica que empresta aos seus escritos não nos deixam indiferentes.
As medidas propostas no final do texto são geniais. A sua leitura é mesmo um privilégio. Como é que ainda ninguém se tinha lembrado de fazer tal sugestão? A sua aplicação corresponderia a um efeito "boomerang" da legislação aprovada e executada pelos senhores deputados e governantes respectivamente.
Zé Brites



"O Boicotão já anda por si, já merece atenção na abertura de todos os telejornais, as grandes e mais caras companhias veem a suas vendas descerem e as mais baratos estão a duplicar as vendas. Além de se verificarem reacções, não já dos “burgueses” que têm automóvel, mas dos transportadores de tudo o que consumimos, dos pescadores, etc.

Alguns apontamentos que retirei do site da Direcção Geral de Energia da União Europeia:

1 – Os lucros extraordinários da Galp aumentaram 228,6 % no 1º trimestre de 2008. (já nem li a notícia: comentários para quê?).

2 – O preço do petróleo no mercado de Nova York parece começar a descer dada a baixa da procura. (vamos manter-nos atentos para ver se a Galp, a BP e a Repsol são igualmente lestos a descer os seus preços ou se aproveitam, como habitualmente, para aumentarem ainda mais as suas margens especulativas).

3 – Em Abril, em Portugal, o IVA sobre os combustíveis subiu 2% e o ISP desceu 15%. (é natural face à política seguida: o IVA sobe porque o preço sobe desmesuradamente, o ISP, que é um valor fixo por litro, desce porque o consumidor se corta ou vai abastecer a Espanha. Será, mesmo do ponto de vista do Orçamento Geral do Estado, inteligente dizer “jamais” à revisão da carga fiscal, como dizem os Ministros das Finanças e da Economia?)

4 – Manuel Pinho, ministro da Economia, pede à União Europeia debate europeu sobre o preço do petróleo. (O que demonstra duas coisas: está preocupado com a situação do mercado internacional; e não sabe o que deve fazer em Portugal, isto é, está “aos papéis”).

Estes pequenos apontamentos levam-me a duas reflexões e a uma sugestão irónica mas que, julgo, mesmo a brincar, válida e viável:

a) o mercado é selvagem: as poderosas companhias comem tudo e não deixam nada. Mas os consumidores, nós todos, somos parte do mercado e quando “mostramos os dentes” somos difíceis de ser devorados. Lembrem-se do leão, rei da selva, que ataca as crias de búfalo mas não ataca o adulto porque se arrisca a comer um coice que o deixa com dores de cabeça na semana seguinte.
b) Compreendo que terá de ser cuidadosa qualquer eventual revisão da carga fiscal, porque as poderosas companhias se irão aproveitar especulativamente dessa baixa nos preços para aumentar as suas margens, como ainda há pouco tempo aconteceu com os ginásios.

Assim, atendendo a que o Orçamento do Estado não tem as mesmas regras que os orçamentos familiares portugueses
- porque, quando o orçamento do Estado é curto aumentam-se os impostos aos portugueses, mas só aos que os têm dificuldade em pagá-los; quando
- os orçamentos dos portugueses pobres e remediados, ao sobrar mês no fim do ordenado, só podem encolher as despesas; e
- o Orçamento do Estado é inflexível, não havendo vida para além dele (acho que Jorge Sampaio já tinha desconfiado) enquanto os orçamentos dos portugueses têm de ser flexíveis até à fome;

Proponho o seguinte, cumprindo, obedientemente, as políticas seguidas pelos últimos governos, para não ser acusado de apelo à desobediência civil: vamos aplicar as boas regras domésticas (encolhimento de despesas se as receitas não chegam) e as políticas laborais e sociais defendidas pelos últimos governos, ao Orçamento Geral do Estado! Algumas medidas imediatas:
Como o Orçamento é tudo e não é alterável, mesmo que as circunstâncias o justifiquem, só precisamos de governantes em Outubro e Novembro de cada ano:
- contratamos os governantes a recibos verdes, como 30% dos portugueses, nestes dois meses para elaborarem e aprovarem o Orçamento, medida que cumpre a flexi-segurança à portuguesa;
- face à lei, não precisamos de lhes pagar 13º mês e Subsídio de férias, ajudas de custo, etc e se quiserem Segurança Social pagam-na do seu bolso, não deixando, obviamente, de os colectar em IRS;
- a seguir despedimo-los com a promessa de os voltar a contratar em Outubro seguinte;
- os seus carros de serviço serão, entretanto, entregues às polícias, que têm o seu parque automóvel a cair de podre;
- os seus motoristas, em vez de, improdutivamente, esperarem pelos Srs. Governantes o dia todo a lerem o jornal, poderão participar no apoio domiciliário a doentes e idosos;
- baixarão, automaticamente, custos acessórios com telefone, internet, papel higiénico, almoçaradas e deslocações, etc;
- nomeamos uma empresa internacional de auditoria para, mensalmente, verificar se os serviços estão a gastar apenas o que está definido, rigidamente, no Orçamento;

Façam contas e vejam a poupança: centenas de membros do governo, seus gabinetes e assessores; 230 deputados mais suas assessorias; 700 directores-gerais ou equiparados;
Neste esquema só o Presidente da República merece emprego a tempo inteiro: alguém tem de ir ao Aeroporto receber as visitas! "

Francisco Costa Duarte

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