"O desporto sempre foi usado pelas ditaduras como uma das mais eficazes formas de propaganda. Foi assim com os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, assim voltou a ser com o Mundial de Futebol de 1978, na Argentina, repetiu-se em Moscovo, em 1980, e volta agora a acontecer em Pequim. A China aproveita este momento para se mostrar moderna e poderosa aos olhos do mundo. E para esconder as suas mazelas.
Um dos argumentos em defesa da entrega da organização dos Jogos à China era o de que ela poderia ajudar a uma abertura política. Doce ilusão. A mesma que leva a pensar, de forma um pouco determinista, que a economia de mercado levará a China à democracia. As organizações de direitos humanos são quase unânimes: em nome da segurança e da eficácia do acontecimento o regime aumentou a repressão e a arbitrariedade. Tendo desta vez todo o mundo como cúmplice.
Estes Jogos Olímpicos foram utilizados para esmagar forças oposicionistas, com a mesma desculpa usada por tantas democracias para limitar as liberdades civis: o perigo terrorista. Activistas e defensores dos direitos humanos foram mantidos em prisão domiciliária ou em campos de trabalho forçado para impedir que nas próximas semanas, protestem aos olhos do mundo. Mais de um milhão de migrantes que trabalharam para construir magníficas obras de arquitectura foram obrigados a abandonar a cidade. Para reduzir por uns dias, os calamitosos níveis de poluição, foram encerradas centenas de fábricas em Pequim, mandando de um dia para o outro, milhares de trabalhadores para o desemprego. Trezentas mil câmaras foram espalhadas pelas ruas e quatrocentos mil voluntários fiscalizam cada bairro para identificar qualquer sinal de distúrbio político. Quem foi expropriado das suas terras ou despejado das suas casas por causa dos Jogos Olímpicos e se atreve a protestar é exemplarmente reprimido.
A escolha de Pequim é a confirmação simbólica da nova potência do Capitalismo Global. Só que esta confirmação tem um preço: de cada vez que virmos um atleta a subir ao pódios saberemos que muitos pagaram bem caro cada medalha."
(Artigo de Daniel de Oliveira - "Expresso" - 09-08-2008)
Um dos argumentos em defesa da entrega da organização dos Jogos à China era o de que ela poderia ajudar a uma abertura política. Doce ilusão. A mesma que leva a pensar, de forma um pouco determinista, que a economia de mercado levará a China à democracia. As organizações de direitos humanos são quase unânimes: em nome da segurança e da eficácia do acontecimento o regime aumentou a repressão e a arbitrariedade. Tendo desta vez todo o mundo como cúmplice.
Estes Jogos Olímpicos foram utilizados para esmagar forças oposicionistas, com a mesma desculpa usada por tantas democracias para limitar as liberdades civis: o perigo terrorista. Activistas e defensores dos direitos humanos foram mantidos em prisão domiciliária ou em campos de trabalho forçado para impedir que nas próximas semanas, protestem aos olhos do mundo. Mais de um milhão de migrantes que trabalharam para construir magníficas obras de arquitectura foram obrigados a abandonar a cidade. Para reduzir por uns dias, os calamitosos níveis de poluição, foram encerradas centenas de fábricas em Pequim, mandando de um dia para o outro, milhares de trabalhadores para o desemprego. Trezentas mil câmaras foram espalhadas pelas ruas e quatrocentos mil voluntários fiscalizam cada bairro para identificar qualquer sinal de distúrbio político. Quem foi expropriado das suas terras ou despejado das suas casas por causa dos Jogos Olímpicos e se atreve a protestar é exemplarmente reprimido.
A escolha de Pequim é a confirmação simbólica da nova potência do Capitalismo Global. Só que esta confirmação tem um preço: de cada vez que virmos um atleta a subir ao pódios saberemos que muitos pagaram bem caro cada medalha."
(Artigo de Daniel de Oliveira - "Expresso" - 09-08-2008)
Sem comentários:
Enviar um comentário