segunda-feira, 4 de maio de 2009

MORREU O PAI DA BANDA DESENHADA PORTUGUESA

"Olá Amiguinhos"! Era assim que Vasco Granja se dirigia aos telespectadores mais jovens que entre 1974 e 1990 assistiam a filmes de desenhos animados que passavam na RTP.
Nesse período, Vasco Granja apresentou filmes da Disney e de produção independente da Europa. Lamenta-se que a maioria dos registos destes programas tenham sido apagados dos arquivos da televisão pública.
Foi ele que criou a expressão portuguesa "desenhos animados".
Granja nasceu em Lisboa, em 1925. Cedo abandonou os estudos e aos 15 anos começou a trabalhar nos Armazéns do Chiado, onde chegou a pintar os cartazes com anúncios para as montras.

No inicio dos anos 50, durante o Estado Novo, integrou o movimento cineclubista em Lisboa, que organizava a projecção de filmes obtidos através das embaixadas, ajudando a financiar a resistência ao regime fascista através da venda dos bilhetes. Nessa altura foi preso seis meses pela PIDE quando militava clandestinamente no PCP. Em 1963 foi preso novamente pela polícia política.
Vasco Granja também trabalhou na Livraria Bertrand na área da publicidade.
Esteve em 60 no festival de animação de Annecy, em França, onde se apaixonou por esta arte.
A sua dedicação à banda desenhada intensifica-se com a edição portuguesa do Tintim, mas foi a televisão que o projectou.
O seu programa regular sobre cinema e animação pôs várias gerações a verem animação do Leste europeu, Estados Unidos e a emblemática Pantera Cor de Rosa.
A seguir à revolução de Abril, dedicou-se aos desenhos animados, tendo ajudado a criar a Associação Portuguesa de Cinema de Animação.
Em 1998, regressou por breves instantes ao pequeno ecrã, tendo participado no programa humorístico «Herman Enciclopédia» onde parodiou os seus próprios programas sobre animação.
Vasco Granja morreu aos 83 anos, em Cascais, na madrugada desta segunda feira.
Era uma figura simpática que em tempos entrou em nossas casas.

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