quinta-feira, 4 de março de 2010

TREINADORES DE BANCADA


Realizou-se ontem em Coimbra um encontro de futebol entre a Selecção de Portugal com a sua congénere chinesa.
O resultado foi favorável à formação lusitana por dois golos sem resposta. Durante a primeira parte os portugueses, contando com os melhores jogadores disponíveis, realizaram uma exibição muito positiva. No segundo tempo, o seleccionador nacional introduziu várias alterações ao onze inicial e o rendimento da equipa ressentiu-se, afectando a qualidade do espectáculo.
Perante a fraca prestação da equipa ocorrida na segunda parte do jogo, o público manifestou o seu desagrado, ora assobiando a "equipa das quinas", ora gritando "olés" quando os chineses trocavam a bola.
Após o jogo não faltaram desagradáveis comentários de alguns adeptos, discordando de algumas opções do seleccionador nacional: deveria jogar o jogador "A" e não o "B"; o jogador "C" deveria estar no meio e não sobre a ponta esquerda; o jogador "D" deveria ter sido convocado; o jogador "E" deveria ter jogado de início; o esquema táctico não era adequado, etc... Também os jogadores não escaparam às críticas, tendo alguns sido acusados pelos adeptos de falta de empenho.
Ora bem:
A equipa portuguesa ganhou o jogo.
É o seleccionador que conhece a potencialidade dos jogadores e o seu actual momento de forma. Por isso tem toda legitimidade para escolher aqueles que pensa servirem melhor os seus desígnios.
O jogo em questão era de carácter particular e destinava-se a preparar a equipa para a fase final do Campeonato Mundial, testando jogadores e esquemas tácticos; estes jogos servem exactamente para isso.
Nesta fase da época, os jogadores estão envolvidos na disputa de várias competições, que agora se começam a decidir, a nível dos seus clubes, que são afinal quem lhes paga os ordenados, não podendo estar sujeitos a que os seus "activos" assumam riscos desproporcionados num simples ensaio.
Não há seleccionador ou jogador algum que goste de perder.
Não são os adeptos que dirigem as equipas, nem tão pouco jogam. Se assim fosse seriam seleccionadores ou jogadores e perderiam a sua condição de adeptos.
Por tudo isto, o Pai do Bicho considera lamentável o comportamento incorrecto daqueles que era suposto apoiarem a equipa nacional e a vaiaram.
Este comportamento incorrecto é apenas a imagem de alguns elementos vazios de princípios e de racionalidade que formam a nossa sociedade, aproveitando um simples jogo de futebol para descarregarem as suas frustrações.
O Pai do Bicho faz votos que esta Selecção proporcione muitas alegrias a estes adeptos em Junho próximo, na África do Sul.

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