Enquanto em 25 de Abril de 1974 o "Pai do Bicho" se encontrava em Lisboa, em gozo de férias de uma comissão de serviço militar que prestava em Moçambique, na madrugada desse histórico dia, em plena parada da Escola Prática de Cavalaria em Santarém, um HOMEM dirigia-se assim aos militares:
"Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui." Quem assim falou foi Fernando José Salgueiro Maia, Capitão de Cavalaria, que o "Pai do Bicho" elege como a figura que deve personificar o espírito do 25 de Abril, não olvidando porém, que outros militares tiveram também uma participação importante no golpe que depôs o regime anterior.
À frente de 240 homens e com dez carros de combate da EPC, Salgueiro Maia avançou em 25 de Abril de 1974 sobre Lisboa, ocupou o Terreiro do Paço levando os ministros de um regime ditatorial de quase 50 anos a fugir como coelhos assustados, cercou o Quartel do Carmo obrigando Marcelo Caetano a render-se e a demitir-se. Atingiu o posto de tenente-coronel, recusou cargos de poder. É o mais puro símbolo da coragem e da generosidade dos capitães de Abril.
No dia em que, numa atitude provocatória, um presidente de Câmara (PSD) "reinaugura" um largo homenageando a figura política mais sinistra do Estado Novo...
"Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui." Quem assim falou foi Fernando José Salgueiro Maia, Capitão de Cavalaria, que o "Pai do Bicho" elege como a figura que deve personificar o espírito do 25 de Abril, não olvidando porém, que outros militares tiveram também uma participação importante no golpe que depôs o regime anterior.
À frente de 240 homens e com dez carros de combate da EPC, Salgueiro Maia avançou em 25 de Abril de 1974 sobre Lisboa, ocupou o Terreiro do Paço levando os ministros de um regime ditatorial de quase 50 anos a fugir como coelhos assustados, cercou o Quartel do Carmo obrigando Marcelo Caetano a render-se e a demitir-se. Atingiu o posto de tenente-coronel, recusou cargos de poder. É o mais puro símbolo da coragem e da generosidade dos capitães de Abril.
No dia em que, numa atitude provocatória, um presidente de Câmara (PSD) "reinaugura" um largo homenageando a figura política mais sinistra do Estado Novo...
Num tempo em que se invocam os bafientos em disfarçadas e romanceadas historietas que lhes pretendem dar vida humana para além das galinhas criadas nos jardins de São Bento e em que todos os dias dá à estampa mais um livro, um folheto ou um panfleto a tentar convencer ter sido normal uma ditadura que nos atrasou irremediavelmente no tempo e no pensamento, tem de se evocar quem, sem nada pedir para si, ajudou a banir com determinação e coragem essa gente do mal, da guerra, da ignorância e da intolerância.
Evocar Salgueiro Maia ajuda a combater quem se julga em plano superior e entende ser impossível e intolerável a convivência entre diferentes de pensamento, entre diversos, mesmo que opostos, e que possivelmente teriam sido capazes de ter fuzilado o poder cessante em vez de o exilar se tivessem tido a coragem de o (ao poder demitido) enfrentar.
Evocar Salgueiro Maia é apelar à participação nos actos eleitorais que aí vêm, é justificar a sua realização, é apelar à resistência e à valentia, ao combate ao pensamento único e é fundamentar a ideia de que a democracia se constrói com todos por igual – um ser humano, um voto -, independentemente do estado a que as coisas chegaram.
QUANDO TUDO ACONTECEU...
1944: Em 1 de Julho, nasce em Castelo de Vide, Fernando José Salgueiro Maia, filho de Francisco da Luz Maia, ferroviário, e de Francisca Silvéria Salgueiro. Frequenta a escola primária em São Torcato, Coruche. Faz os estudos secundários em Tomar e em Leiria. - 1945: Termina a 2ª Guerra Mundial. - 1958: Eleições presidenciais. Delgado é «oficialmente» derrotado por Américo Tomás. - 1961: Começa a guerra em Angola. A Índia invade os territórios portugueses de Goa, Damão e Diu. - 1963: Desencadeiam-se as hostilidades na Guiné e em Moçambique. - 1964: Salgueiro Maia ingressa em Outubro na Academia Militar, em Lisboa. - 1965: Humberto Delgado é assassinado pela PIDE. - 1966: Salgueiro Maia apresenta-se na EPC (Escola Prática de Cavalaria), em Santarém para frequentar o tirocínio. - 1968: Integrado na 9ª Companhia de Comandos, parte para o Norte de Moçambique. - 1970: É promovido a capitão. - 1971: Em Julho embarca para a Guiné. - 1973: Regressa a Portugal, sendo colocado na EPC. Começam as reuniões do MFA. Delegado de Cavalaria, faz parte da Comissão Coordenadora do Movimento. - 1974: Em 16 de Março, «Levantamento das Caldas». Em 25 de Abril, comanda a coluna de carros de combate que, vinda de Santarém, põe cerco aos ministérios no Terreiro do Paço e força depois, já ao fim da tarde, a rendição de Marcelo Caetano no Quartel do Carmo. - 1975: Em 25 de Novembro sai da EPC, comandando um grupo de carros às ordens do presidente da República. - 1979: Após ter sido colocado nos Açores, volta a Santarém onde comanda o Presídio Militar de Santa Margarida. - 1984: Regressa à EPC. - 1989-90: Declara-se a doença cancerosa que o irá vitimar. É submetido a uma intervenção cirúrgica. - 1991: Nova operação. A última. -1992: Morre em 4 de Abril.
Evocar Salgueiro Maia ajuda a combater quem se julga em plano superior e entende ser impossível e intolerável a convivência entre diferentes de pensamento, entre diversos, mesmo que opostos, e que possivelmente teriam sido capazes de ter fuzilado o poder cessante em vez de o exilar se tivessem tido a coragem de o (ao poder demitido) enfrentar.
Evocar Salgueiro Maia é apelar à participação nos actos eleitorais que aí vêm, é justificar a sua realização, é apelar à resistência e à valentia, ao combate ao pensamento único e é fundamentar a ideia de que a democracia se constrói com todos por igual – um ser humano, um voto -, independentemente do estado a que as coisas chegaram.
QUANDO TUDO ACONTECEU...
1944: Em 1 de Julho, nasce em Castelo de Vide, Fernando José Salgueiro Maia, filho de Francisco da Luz Maia, ferroviário, e de Francisca Silvéria Salgueiro. Frequenta a escola primária em São Torcato, Coruche. Faz os estudos secundários em Tomar e em Leiria. - 1945: Termina a 2ª Guerra Mundial. - 1958: Eleições presidenciais. Delgado é «oficialmente» derrotado por Américo Tomás. - 1961: Começa a guerra em Angola. A Índia invade os territórios portugueses de Goa, Damão e Diu. - 1963: Desencadeiam-se as hostilidades na Guiné e em Moçambique. - 1964: Salgueiro Maia ingressa em Outubro na Academia Militar, em Lisboa. - 1965: Humberto Delgado é assassinado pela PIDE. - 1966: Salgueiro Maia apresenta-se na EPC (Escola Prática de Cavalaria), em Santarém para frequentar o tirocínio. - 1968: Integrado na 9ª Companhia de Comandos, parte para o Norte de Moçambique. - 1970: É promovido a capitão. - 1971: Em Julho embarca para a Guiné. - 1973: Regressa a Portugal, sendo colocado na EPC. Começam as reuniões do MFA. Delegado de Cavalaria, faz parte da Comissão Coordenadora do Movimento. - 1974: Em 16 de Março, «Levantamento das Caldas». Em 25 de Abril, comanda a coluna de carros de combate que, vinda de Santarém, põe cerco aos ministérios no Terreiro do Paço e força depois, já ao fim da tarde, a rendição de Marcelo Caetano no Quartel do Carmo. - 1975: Em 25 de Novembro sai da EPC, comandando um grupo de carros às ordens do presidente da República. - 1979: Após ter sido colocado nos Açores, volta a Santarém onde comanda o Presídio Militar de Santa Margarida. - 1984: Regressa à EPC. - 1989-90: Declara-se a doença cancerosa que o irá vitimar. É submetido a uma intervenção cirúrgica. - 1991: Nova operação. A última. -1992: Morre em 4 de Abril.
Fontes consultadas: Vidas Lusófonas, PS Lumiar, Cidadãos por Lisboa, Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra
Sem comentários:
Enviar um comentário