quarta-feira, 30 de julho de 2008

MERCEEIROS, POLÍTICOS E JORNALISTAS

Não há ninguém que, entrando numa mercearia a comprar um queijo, não pergunte imbecilmente ao merceeiro: – O queijo é bom? – Como se alguma vez, desde que há homens e queijos, um merceeiro tivesse respondido com asco: – Não senhor, não presta para nada. É uma merda. Uma autêntica porcaria!

Pois em política acontece o mesmo. Quando um jornalista faz uma entrevista a um ministro este também nunca dirá que o seu governo é uma merda mas que irá promover a economia e o bem público, manter vivas a liberdade e a ordem democrática, o bem estar do cidadão, a eficiência e a moralidade do aparelho de Estado e pôr Portugal no pelotão da frente. Pois jamais, desde que há políticos, algum respondeu que irá fomentar a prepotência, animar a fraude e a corrupção, proteger as roubalheiras dos amigos, sacar o mais possível no mais curto espaço de tempo.

Então por que é que o jornalista, que ao fim e ao cabo tem dois dedos de testa, sabendo isto, colhe as declarações do político e as suas promessas como se elas caíssem do alto do Sinai? Porque é inata, no homem, a tendência para fazer perguntas tão tolas quanto inúteis, de que conhece de antemão a resposta inevitável e falsa. Porque existe dentro de cada um de nós um certo masoquismo que nos leva a desejar ser enganado e a colaborar activamente no próprio engano. Porque se um merceeiro (ou um político) de espírito rigoroso e amor intransigente à verdade declarasse que o queijo era incomível, uma merda, e que só o vendia para ganhar dinheiro, então nós começaríamos a desconfiar do homem como de um ser anormal, mal educado, paranóico e provocador. Digamos mesmo: socialmente perigoso.

Bom, mas basta de falar de merceeiros e políticos pois o assunto é chato. Apetece-me muito mais ir ver os c.. e as m.... que dezenas de jovenzinhas agora mostram na televisão.

# posted by Jose Vilhena : Quarta-feira, Julho 30, 2003

1 comentário:

EboRâguebi disse...

Jogos Olímpicos Pequim abertura revelada